sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Nossos Filhos e o Divórcio.

Eu sou do tempo em que dizer que acabou o amor era desculpa pra marido safado ou esposa igualmente cair na farra. Os tempos não mudaram muito, sinto dizer. Pra piorar, no meio da bagunça que a gente arruma.....ficam os filhos. Eles, que não pediram pra vir pra nossa casa, eles que às vezes amam de paixão quem saiu de casa. Eles, que sentem e às vezes não conseguimos perceber.

Uma coisa que muitos juízes vêm se deparando é como ficam os felinos ou pets em geral. Se eles são filhos, também temos que nos perguntar: como fica a guarda?

Muitos advogados dizem que é sempre bom usar o bom senso: levar em conta qual dos dois tem mais afinidade com o filho e quem irá oferecer melhores condições pra ele viver bem. Entendam por viver bem não só a condição financeira, mas também de espaço, de cuidado e atenção.

Um promotor de Justiça conhecido disse que a lei não prevê nada a esse respeito, mas afirma que o direito civil considera os animais como objetos semoventes, que no caso de um divórcio podem figurar na partilha. Só que eles não são objetos. São seres vivos, com sentimentos. O problema é que bom senso é uma coisa que não permeia a maioria dos divórcios - se as pessoas tivessem bom senso, só se divorciariam em último caso - e se não houver acordo amigável, inclusive a respeito da manutenção do filhote felino, o jeito é ir ao juiz, para iniciar um processo de guarda e talvez de prestação de alimentos - o promotor já viu alguns.

Alguns veterinários especialistas em comportamento animal afirmam que o importante é não fazer muitas mudanças no ambiente, ou seja: mudá-lo de casa só em último recurso, pois isso tudo pode deprimir o seu filho e até matá-lo. Na minha experiência, conta muito mais a falta da pessoa do que o local.

No Tribunal

Não tem lei específica pra decidir quem fica com o pet em caso de separação, nem mesmo na Carta Universal dos Direitos dos Animais. Então, o negócio é um acordo amigável ou mesmo já deixar de antemão, definido em escritura pública ou testamento, quem vai ficar com o filho (a) em caso de divórcio ou morte. Como me disse o promotor, casos assim são raros, mas quando acontecem podem dar em baixarias ainda piores do que se fossem com filhos humanos.


O acordo pré-nupcial (escritura pública) pode dizer de um felino premiado que o dono oficial é aquele que mo registrou. Só que não estamos falando de um proprietário. São pais, mães, filhos felinos e às vezes humanos envolvidos num processo doloroso. Há sempre que se pensar nas condições de trato, amor, afinidade. A questão econômica conta, mas vale mais o pai ou mãe deixar com quem estiver mais emocionalmente chegado e ajudar financeiramente e visitar do que brigar e tentar ganhar na grana.

Agora, se seu filho já estava com você antes de constituir a união, os próprios advogados acreditam que deve ficar com você. Mas, mesmo assim, se você perceber que o outro pode dar uma vida melhor pro seu(sua) filho(a), é tirar a mão do coração e pôr na cabeça para pensar no que fazer, embora isso seja difícil. Nessas horas, quando um casal vem me perguntar o que fazer, eu pergunto: mas é necessária mesmo essa separação? Mas isso é assunto pra outro dia.

Guarda e Pensão pelo Mundo Afora.

Lógico que os EUA, a nação dos advogados, já tem até o Direito Animal, porque casal lá vai pro pau até por colher de chá, que dirá por filho. Um dos Estados estadunidenses já tem até projeto de lei regulamentando como as disputas de casais em processo de divórcio pela guardae pensão de animais de estimação. Em Portugal, há esta história, muito triste por sinal.


Minha experiência.

Na primeira vez em que me separei e tinha filhos felinos, foi muito tranquilo. Apesar dele conviver com os dois desde bebês - eles tinham cerca de um ano quando nos separamos - ambos não ligaram. Ele também não prestou assistência, mas como não quis pensão nem pra mim, não iria querer pros pequenos - eu me sustentava sozinha e queria começar vida nova. Também, três meses depois eu tinha constituido nova família e eles ganharam um pai atencioso.

Com esse pai foi complicado quando brigamos: minha mais velha entrou em depressão e esse fato, associado à idade dela e médicos não muito bons, ela acabou falecendo. Durante o tempo em que ficamos brigados, ele prestou assistência financeira, mas a doença dela o afastou - ele tinha medo. Depois que ela faleceu, ele começou a vir visitar os filhos e até nossa situação voltar ao normal, ficou mais com eles, etc. Mas existem pais e pais, mães e mães. Não teve aquele ator da Globo que abandonou a filhinha felina na calçada? O casal Markun e Heitor Martinez? (Relembrem aqui!). Não permitam que seus filhos sofram além do que precisam. E antes de qualquer decisão, olhem para a pessoa que vive com vocês. Se perguntem se essa separação é mesmo necessária. SEMPRE. O Amor no casamento, em qualquer relação, é muito mais que a paixão. Pensem nisso.

2 comentários:

Amor & Miados disse...

vocês já viram um programa no animal planet sobre divorcios envolvendo filhos caninos e felinos? se passa na inglaterra. fico muito triste em ver que as vezes as pessoas não levam em consideração o bem estar das "crianças", mas o usam como instrumentos de vingança contra o ex. Tinha uma moça que ficava na porta da casa da ex, implorando para que ela a deixasse visitar seus cães.

A. disse...

Não vimos não! Tem jeito de vc conseguir o link?

Tem gente que faz essas coisas mesmo. Já vi gente perceber que o filho felino estava doente e deixar morrer pra se vingar do ex. O ser humano às vezes é mto mto escroto....:-/

Bjos