terça-feira, 31 de julho de 2012

A Viagem.

Pois é. A viagem me fazia tremer de medo. Já tenho pavor de aviao - a oficina é no chao e espaco aéreo nao tem acostamento - mas a ideia de acontecer alguma coisa com meus filhos me surtava. Eu achava que o povo do porao ia congelar, que ia sumir, fugir, que monstros sairiam do chao e os comeriam - surto é surto e delirar faz parte.

Bom, meus mais velhos foram na cabine com pose de quem tem cartaozinho Gold de milhagem e tudo. Nem um pio, domiram quase o tempo todo. Ás vezes me chamavam pra cocadinha regulamentar de orelha, mandavam a Fuzzy calar a boca, mas só. Nao ligaram pro que eu tava comendo e sinceramente, nem eu. Tudo transcorreu na maior tranquilidade. Joao fez pose para fotos no aeroporto do Galeao e no de chegada. Abalou coracoes nas filas de embarque, enlouqueceu multidoes no check in. Nino ali firme aguentando o assédio. E Susanna, que era pra ter ido na cabine, teve uma crise de pombagira ao ser colocada no transporte de cabine e deu um soco na cara dos irmaos. Porao pra maria barraqueira.  Nao chegou lá a coisa mais limpa do mundo, mas estava tranquila.

Fuzzy Maria pintou o sete. No Galeao, dividiu os holofotes com Joao e andou no colo de meio mundo. Na aeronave, ficou com a madrinha lá na frente e dá-lhe maria macaneta, todo mundo metendo a mao. Me dá duas horas de voô e outra mae de felino - mas viajando sem os filhos - me chama.

-Olha, a sua pequenininha tá chorando a beca.

Estranhei porque ela estava com a madrinha. Estiquei a vista e vi que a dinda tava de fone de ouvido e jamais ouviria a minha filha. A MdF que estava no aviao se ofereceu pra pegar Fuzzy e eu aceitei no ato. Vai que ela passava mal? Ficamos entao nós 4 na última fila, com os assentos só pra gente. Fuzzy miou baixinho as quinze horas de viagem. Sério. Devia ir pro Guiness. Mas muito baixinho mesmo, ela só endoidava quando o aviao decolava ou descia. Aí era um manhanhanhaaauuugziusquemerdaehessa que chegava mesmo o povo a olhar. Mas como meio aviao ali queria fazer o mesmo, mas tinha vergonha, relevaram. 

Foram 9horas e meia só para os fortes. Tomei banho de suco de maca, tive que segurar mao na hora de decolar, cocar duas ao mesmo tempo e de olho no fecho pra nao abrir o transporte, dar água, conversar, colocar no colo escondido pra ver se chorava menos, conferir se tinham feito alguma coisa. Enfim, nao preguei olho e cheguei pra minha conexao simplesmente transida de sono. 

Eles? Cagando e andando. Nem querer sair do transporte na coleira na hora da troca de aviao quiseram. Dormindo estavam, dormindo ficaram e azar da mamae. Fuzzy continuava com o miumiumiueuqueroficarnocolo. Pau de dar em doido mesmo. Subimos no outro aviao. Novamente, problemas. Colocaram eles na business class. Fuzzy retomou o miauê, mas houve trégua. Claro que estranhei, fui ver se ela tinha morrido e religuei a vitrolinha, pra agonia de Wood e Peta Maria. Desmaiei na poltrona por uma hora e acordei quase no destino, passando mal de nervoso. 

Quando descemos, fomos pegar as bagagens - a TAP aliás, tá na linha de mira nesse lance de bagagem - e as criancas que estavam no porao chegaram ótimas, numa boa. Pra mae da Bionda, que me perguntou do xixi, eu respondo: colocamos no piso do transporte fraldas dessas especiais que vende em pet shop, colamos mais algumas com fita cola no teto e deu tudo certo. Só Susanna que chegou meio sujinha, mas porque ela soltou a fralda do chao e se enrolou nela como se fosse um burrito.Aconselho caprichar na fita crepe nas pontas pra deixar bem fixa e ao mesmo tempo fácil de trocar pelo pessoal de terra. Ainda demoramos mais resolvendo problemas criados pela TAP, mas eles aguentaram bem. Nao, nao dei remédio nenhum, isso desregula temperatura corporal e deixa o peludo à mercê. Se você tá acordado, você se defende. Chegamos. Estávamos, finalmente, todos juntos.


E aí vem aquela frase famosa: gato se apega à casa, nao ao dono. É mesmo? Explica isso pros meus. Quando abri os transportes, cheiraram tudo, comeram a comida que a nova avó trouxe, acharam a caixa de areia (por ser mais moderna, o povo ainda fica olhando) beberam água e se aboletaram. Fizemos uma tela provisória, a mocada tá apaixonada pelo movimento,pela janelona, pelo parapeito, pela tela provisória, pelo cochilo com a gente, pelas novidades. Amanha vamos colocar a galera no jardim, de coleira e ver no que dá. Na nossa experiência, gato é o ser mais adaptável que existe. E mais educado também.

Oquei, esquece a Fuzzy Maria nessa. Ainda penso em escrever ao Guiness.

10 comentários:

Linda disse...

Que delícia!
Você lida tão bem com essas situações...
Eu ficaria enlouquecida!
Sou toda preocupada com meus filhos, mas do tipo neurótica mesmo.
Você tem quantos gatos? Ao longo do texto apareceram tantos nomes que perdi a conta!rs
Os meus são quatro! Amo de paixão!
Beijosss!

A. disse...

Eu tenho seis filhos. :)
Eles sao meus amores!!!!

Tacia disse...

Hhahahaha, vc escreve muito bem, tô morrendo de rir da aventura de vocês. Wow, imagino sua preocupação. Que bom que todos chegaram bem e estão se adaptando a nova casinha, lindos!!! Beijo grande. =)

Marilia disse...

Legal essa experiência. Com medo e tudo.

A. disse...

Tacia, obrigada pelo elogio. Eu já estava achando que tinha perdido o jeito pra escrever. Tive um trauma aí - gente invejosa e desocupada é um perigo - e achei que nunca mais ia escrever direito. Obrigada! :D

Repositorio, pretendo repetir nao..ahahahhaha

Anônimo disse...

Professora, me abandonou eim!!!

Eu vi num post anterior q tu foi no Dr. Rodrigo. É um da clínica no Info Barra? Se for é o q eu vou com o Tyson e a Maggie.

Bjs, Araruna

Isabela disse...

Anna, que turminha animada, hein!!! Adorei o relato!Eu, como a Linda, teria tido um colapso de tão nervosa e apreensiva!!! Virginiana com ascendente em virgem... Se não tem problema, arruma! beijos nesta família linda!
Isabela Veiga

A. disse...

Laluna, foi nele mesmo! :D

Comadre, como dizem meus alunos, o baguio é loko! ahuahuaha

ReCriando disse...

Ahahahaha! Adorei o "burrito".

Beijos!!!

A. disse...

Um purrito, Rê.....hahahahaha