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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

E se..

Hoje cheguei do trabalho e meu filho tinha subido na minha cama. Não vomitou o dia todo, miou pra mim, reagiu aos meus movimentos.. Ele não tá nada bem. Os exames dele estão cada vez piores, mesmo com todo o tratamento.. 

Mas e se alguma parte dele ainda estiver forte o suficiente pra fazer ele seguir em frente? E se o nosso amor é tão forte que tá fazendo ele ter algum ânimo? E se, ainda assim, essa sobrevida não estiver sendo boa pra ele? E se alguém pudesse responder: o que é melhor pra ele? E se a gente resolvesse ser racional? E se ele realmente estiver agonizando, mesmo sem demonstrar, e o nosso egoísmo, desespero amor não nos permite perceber isso? E se você pudesse falar, filho?

 Tudo ia ser tão mais fácil.. Só queria saber o que você tá sentindo, de verdade. E espero que seja melhor do que o que tá acontecendo aqui dentro. 

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Muito Prazer, Eutanásia.

Tem coisas que a gente só ouvia falar. Sabia muito de longe, sempre acontecendo com alguém mas nunca com a gente. Parece aquele parente que mora longe, que a gente ouve falar muito, mas nunca deu as caras de verdade, até o dia em que a criatura bate à nossa porta e nos diz: - Oi, muito prazer, eu existo e acabei de entrar na sua vida. 

 Assim foi com a Eutanásia. Na verdade, a gente já tinha se visto de longe numa UTI em 2006, mas foi só um encontro de olhares. Em 2009, nos esbarramos, ombro com ombro. Mas nunca nos apresentamos formalmente, nunca conversamos.

 Tem dois dias, essa senhora tocou aqui a campainha e chegou de malas e sacolas. Se apresentou, sentou na cama do lado da nossa mais nova e nos falou com familiaridade, como a parenta distante que de repente aparece. Contou da vida e falou muito da morte também. De sofrimento. Das vezes em que a gente se viu, se esbarrou, mas nem se falou, apesar de eu ter pensado nela.

 Olhei pra nossa pequena. Mal se mexe. Vai ao banheiro, volta. Sobe na cama. Há exatos 20 dias essa é a sua vidinha. Não come. Tudo é na seringa. Ronrona feliz quando estamos todos juntos. Não bebe mais água, também precisa forcar. Não pula mais no parapeito telado. Dorme abracada no meu braco ou no do meu marido. Tem fluido no abdome. Pode ter PIF também. Pode não ter. Pode ter saudade dos irmãos, agora separados em cômodos diferentes. E Dona Eutanásia sorri das minhas dúvidas. Ela sabe esperar. E na FELV, a espera não costuma ser em vão, então pegou as sacolas, as malas e foi se instalar no quarto de visitas, dizendo que conversaríamos mais no jantar.

 Não tenho fome. Nossa pequenina também não. Cheira a comida quando está num dia bom, se está num dia ótimo, lambe. Mas não come. Sofre a minha pequena? Não sei. Queria saber.

 Dos outros dois encontros de longe com a Dona Eutanásia eu sabia o sofrer e também sabia que a luz no final do túnel era um trem vindo. Mas e agora? Escreve a veterinária do Brasil. Escreve o veterinário dos EUA. Conversamos com o daqui. Todo mundo diz pra eu mandar a parenta embora, mas todos também dizem que estão ouvindo o apito do trem, e que ele pode estar longe ou perto.


 Eu deito na cama, abraco a pequena e canto. O refrão diz Avinu Malkeinu e eu choro, porque não entendo o porque do sofrer dela. Porque ela, um bichinho inocente? Mas nao tem porque. Merda acontece e ponto final. Acontece com filho humano, com filho felino, canino, com tudo. Simplesmente acontece e a gente que lide com o que está acontecendo. 


 A Dona Eutanásia vai mexendo nas panelas, se espalhando. Não temos forcas pra mandar embora, nem pra deixar ela fazer o que veio fazer. É o limbo, e o limbo é pior que o inferno, pelo menos assim dizem. 

 Me lembro do Dr. Kevorkian. Assisti à uma entrevista que ele deu. Ele sempre dizia que é direito da pessoa acabar com a própria vida, ainda mais se houver sofrimento. Mas e se a pessoa não sabe falar? Os olhos da minha pequetita às vezes são tristes, as vezes brilham de curiosidade e alegria, especialmente quando anda de ônibus. Como saber? Não tem como. Tem? 

Deito do lado dela e tem vezes que ela ronrona, tem vezes que não. Já dormiu segurando a minha mão. Tem uma semana que não mia mais, a minha tagarela. 

 Sentamos no sofá da sala e D. Eutanásia puxa a cadeira reclinável. Acomoda-se com um sorriso. Nós temos essa presença incômoda em casa. A parenta que parecia abstracao virou concreta, dura, real ali no meio da sala colorida, que nossa bonequinha ainda nem conheceu.

 D. Eutanásia tem todo tempo do mundo.

 E minha filha, quanto tempo tem? Ninguém sabe. O relógio do quarto faz seu tic tac e eu acabo desejando que ele tivesse parado um dia antes dela ficar doente. Mas ele continua, enquanto D. Eutanásia cochila na cadeira da sala. 

domingo, 4 de outubro de 2009

História da Fabiana, Mãe da Tixa.

Tudo começou quando uma colega de faculdade pegou um gatinho e eu permiti que passasse o fim de semana na minha casa, afinal ninguém podia ficar com o gatinho. O bichano tinha aproximadamente 1 mês. Foi um fim de semana maravilhoso, tanto que chegou domingo à noite e eu chorei, porque teria que devolvê-la. Conversei com a colega e disse que queria adotá-la.

Pronto!!! Me apaixonei! Foi meu primeiro gato. Era uma fêmea, cinza rajadinha e dei o nome de Tixa! Vivíamos felizes, tanto que um ano depois adotei outra gatinha, a Pipa, pra fazer companhia à Tixa. O tempo passou.

Há mais ou menos 3 meses, percebi que a Tixa estava emagrecendo e não queria mais brincar, estava muito sonolenta. Levei ela pra fazer alguns exames e deu-se a suspeita de Leucemia linfóide. Fiz o teste para FELV (vírus da leucemia felina) e deu positivo. Como ela nunca foi à rua, provavelmente havia pego o vírus da mãe dela. Começou minha luta!

Fiquei arrasada! Precisou logo de uma transfusão de sangue. Comprei a bolsa de sangue e fizemos. Ela melhorou. Passado um mês e pouco precisou de outra transfusão. Era um domingo, liguei pro banco de sangue vet e comprei a bolsa. Só que ela não era compatível com o sangue do doador. O pessoal do banco de sangue me devolveu o dinheiro porque não tinha mais gatos doadores!!!Como assim??? Como iria ficar minha filha?? Eles comentaram que é muito difícil arrumar gato para ser doador de sangue. Os proprietários desconhecem a importância da doação e tem muitos preconceitos. Nota da MdF: mais uma mãe desesperada por conta da desinformação e às vezes até egoísmo de outras mães e pais!

Corri atrás e consegui outra bolsa. Só que essa segunda melhora durou pouco tempo. Logo ela caiu de novo. Minha colega de trabalho cedeu a gatinha dela pra doar sangue pra mim. Fizemos o teste de compatibilidade, só que antes de chegar o resultado, minha Tixa faleceu. Muito magrinha, respiração descompensada e ictérica (muito!). Eu sabia que o prognóstico era ruim, mas eu queria tentar ao máximo pra prolongar o tempo dela aqui comigo. Foi meu primeiro gato! E mudou minha vida!

Agradeço muito a Deus por esse presente que Ele me deu. Ela viveu só 2 anos mas foi muito amada e feliz! Como tenho outra gatinha e o FELV é transmissível, pode ser que eu passe isso tudo de novo, mas espero encontrar mais gatos doadores. Se ela for negativa para o vírus provavelmente será doadora também.

Tixa a mamãe ama muito você e jamais te esquecerá!!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Relato de Danielle Moreira, mãe da Galadriel

Tudo começou no início de 2005. Fui morar sozinha e queria um animal de estimação pra me fazer companhia, pois sempre morei com minha família e a casa sempre esteve cheia de gente e animais e detestava a idéia de chegar em casa e só encontrar o silêncio.

Como minha família não mora no Rio e eu ia visia-los pelo menos uma vez por mês, pensei em adotar um gato, mesmo sem ter muita intimidade com eles por ter sido criada com cachorros. Adotar sempre foi a minha idéia, pois existem tantos animais nas ruas lindos e que estão sofrendo por culpa do homem que me recuso terminantemente a comprar um animal! :) E um gato por serem mais independentes e suportarem a minha ausência por um final de semana sem que precisasse de alguem pra ir lá em casa, levar na rua, dar ração... Era mais por ser conveniente do que por gostar muito de gatos.

Começou a saga da procura... Queria um animal mais velho e não filhote, pois eles sempre são preteridos na adoção e queria que eles tivessem uma chance, mas teria de olhar pra ele e me apaixonar. E assim aconteceu... Um belo dia, olhando o site do Gatos do Campo de Santana, me apaixonei por uma coisa branca e cinza, com cara de enfezada que estava por lá. Na hora mandei um e-mail pra Dra. Andrea pra perguntar se ela ainda estava disponível.

Meu coração pulou de alegria quando ela disse que estava, que ela tinha chegado lá bebê mas ninguem tinha se interessado pois era muito arisca e que ela tinha um ano de idade. Marquei de ir lá ve-la, afinal de contas ela também teria de gostar de mim, certo?

Cheguei na casa da Dra Andrea e fui para um quarto onde tinham alguns gatinhos. Pra surpresa minha e da Dra Andrea, ela saiu do canto dela e veio na minha direção pra se enroscar nas minhas pernas! Pronto, foi paixão correspondida na hora! Peguei aquela coisa miuda no colo, pois ela era uma gatinha de bolso de menos de 2 kg e do tamanho de um filhote de uns 6 meses, e falei: Agora você é minha e se chama Galadriel! É a rainha do meu coração... Uma semana depois, com o apartamento todo telado e Galadriel devidamente castrada, levei ela pra casa! :)

A cicatriz da cirurgia demorou a se formar, mas eu não estranhei, afinal de contas, nunca tinha tido um gato na vida! E depois de 15 dias, minha irmã, que tinha ido me visitar, me acorda aos berros pois ela tinha pego a Galadriel no colo e estava minando pus da barriga dela onde tinha a marca da cirurgia. Voei para o veterinário... Ele desconfiou na hora de FIV/FELV... Fizemos o teste e, pra minha tristeza, deu positivo pra FELV. Fiquei arrasada, mas estava fora de cogitação devolve-la para o abrigo ou qualquer outra reação que não fosse cuidar dela da melhor maneira possível!

Liguei para a Dra Andrea e avisei a ela sobre a Galadriel, para que ela pudesse testar os outros animais que estavam lá e que tivessem tido contato com ela. E, malucamente, pedi a ela que caso tivesse mais algum animal FELV, que ela me avisasse pois queria uma companhia pra Galadriel. E assim chegou a Nenya. Jà com 2 anos, mas a gatinha mais chiclete que eu conheci.

Com uma semana tive de internar a Nenya, pois estava com uma rinotraqueíte absurda! Achei que ela não sobreviveria... Com muito cuidado, medicamentos e amor, ela se recuperou e nunca mais ficou doente!

Com ração de qualidade, atenção redobrada, visitas constantes ao veterinário para exames de sangue e o mágico interferon, depois de algumas brigas e da chegada da Melwa (FELV negativa devidamente vacinada), Galadriel e Nenya se tornaram amigas inseparáveis em 3 meses de convivência!!! E o mais importante, SAUDÁVEIS! claro que dentro do possível pra um gato FELV, mas não tiveram nada de mais grave...

Quando estava próximo de completar 3 anos, notei que a Galadriel estava amuada, muito quieta... Levei no veterinário e fizemos um exame completo. Foi detectada Haemobartonella, uma bactéria que provoca anemia séria e que é transmitida pela pulga. Fizemos o tratamento e ela melhorou, mas logo depois começou a ter dificuldades de andar. Fizemos raio-x mas não notamos nada de anormal, o que levou ao veterinário pensar em linfoma, pois poderia estar pressionando algum nervo da coluna e provocando paralisia e é extremamente comum em FELV+.

Começamos a quimioterapia e a resposta foi ótima! na segunda sessão ela já estava andando quase normalmente, tinha voltado a se alimentar e a brincar. Mas as defesas, que já eram baixas, estavam cada vez menores. Nem com a transfusão de sangue tinham melhorado. Um dia depois de completar 3 anos, em 13/06/2007, Galadriel partiu. Deixou na gente um vazio indescritível... Ficaram a Nenya e a Melwa.

Continuei tratando da Nenya da mesma forma, interferon todos os dias, sem intervalos, exames periódicos, ração boa... e o tempo foi passando. Ela cresceu bastante! Nem parecia a mesma gatinha que tinha vindo do abrigo! Estava gorducha e era a paixão de todos! Extremamente carinhosa, nunca estranhou qualquer um dos gatos que passaram pela minha casa. Muito pelo contrário! Se dependesse dela, ela teria sido mãe das 2 ninhadas que eu cuidei pra doar! Um amor mesmo!!

No meio de agosto, reparei que ela estava muito arisca e brigando com a Aranel, uma gatinha que tinha resgatado da rua ano passado e que ficou por lá. Estranhei muito, pois ela nunca tinha feito um fuzz pra ninguem na vida e estava fazendo pra companhia favorita dela...

Uns 2 dias depois, reparei que ela estava ronronando de um jeito diferente, mais alto, grosso, meio que em ondas e não constante, e olhando pra ela vi que quando ela respirava, fazia um fundo na pele entre as costelas e a bacia. Corre pro veterinário!!!

Neste dia, uma sexta, retiramos 55 mL do pulmão dela de um líquido que eles chamam de quilotórax. Fizemos raio-x pra ver se tinha liquido nos 2 pulmões, mas era só no direito. A quantidade de líquido não permitiu que o raio-x mostrasse mais nada, então marcamos uma ultrassonografia e mais exames de sangue.

Na segunda feira, a ultra mostrou uma massa no mediastino de 2,5 cm. O mediastino é a parte do coração onde estão os vasos sanguíenos maiores, a parte superior, e a massa era quase do tamanho do coração dela.

Tinhamos 3 opções: anestesia+punção; anestesia+tentativa de retirada da massa ou quimioterapia direto, pois o aspecto do fígado e ela sendo FELV, levavam ao diagnóstico de linfoma com quase 100% de certeza.

Pro nosso desepero, os resultados dos exames mostraram que ela estava com a creatinina um pouco alta, bem no limite, o que tornava o uso de anestesia ou quimioterapia muito arriscado, pois poderia provocar falência renal. Neste dia, conversando com o veterinário, retiramos mais 100 mL de líquido do pulmão. Foi na terça-feira, apenas 4 dias depois da primeira punção.

Optamos por esperar um pouco e ver se ela estava tomando água com regularidade, urinando e comendo normalmente pra ver se a creatinina baixava.
No sábado seguinte, voltamos para o veterinário... Mais uma punção e retirada de 90 mL de líquido.

Ela não estava comendo nem bebendo água direito pois tinha dificuldade muito grande para respirar. Resolvemos fazer soro subcutâneo para forçar o funcionamento dos rins e iriamos fazer outro exame no sábado seguinte para ver a creatinina. O soro começou seu efeito e ela passou a ir mais na caixinha de areia e a comer um pouco melhor no final de semana.

Na segunda a noite, dia 24/08/09, notei que ela estava com uma dificuldade enorme de respirar, inclusive ficando com a boca aberta. Tinhamos marcado nova punção para quarta, mas disse pro meu marido leva-la na terça assim que o veterinário estivesse na clínica.

Tentamos dar água, comida, carne, atum, mas tudo ela cheirava e virava a cara. Lá pelas 20 horas, pedi pro meu marido se sentar com ela na sala pra tomar conta dela enquanto aplicava o soro e fazia o jantar.

Ao aplicar o soro ela ficou extremamente irrequieta, estressada, e foi nessa hora que ela partiu. Seu coraçãozinho não aguentou o estresse da aplicação do soro e ela teve uma parada cardio-respiratória nos meus braços. Quase morri junto e ainda me culpo por ter tentado força-la a ficar quieta pra tomar o soro.

O que eu gostaria de deixar claro com a minha história é que, apesar de partirem mais cedo, um gato com FELV pode ter uma vida normal se tiver um acompanhamento atento, medicação e boa alimentação. Provavelmente a Nenya não contraiu a FELV quando nasceu como foi o caso da Galadriel, por isto ela conseguiu viver mais tempo, mas vale a pena você cuidar deles pois merecem uma vida digna como qualquer outro animal!

A FELV é um virus que provoca câncer, mas você consegue mante-lo sob controle e proporcionar ao animal uma vida com qualidade. Receber esta notícia é horrível, a gente se desespera, mas é possível conviver com ela e dar ao gato uma vida praticamente normal. A

Nenya viveu por 6 anos com qualidade, sem nunca mais ter ficado doente depois de curada da rinotraqueite. Vale a pena! Eles demonstram um amor que não tem explicação!

Deixo aqui o meu agradecimento à Dra Andrea Lambert por ter resgatado e cuidado delas até que eu me tornasse mãe delas; à Dra Cristiane da Gatos e Gatos que cuidou tão bem da Galadriel e chorou comigo quando ela se foi, e, principalmente, ao Dr Marcos Makoto e à Dra Raphaela da Veterinária Pet D'or, que acompanham meus gatos, me ajudaram com as ninhadas resgatadas, sofreram comigo ao ver a Nenya doente e partir. São todos profissionais maravilhosos e que sem eles com certeza não poderia ter dado a elas a vida digna, com qualidade, que elas mereciam.

A saudade fica, mas a certeza de ter feito o melhor possível também.